Kiara

Nesses dias de inverno, nos tempos modernos, toda a agressão à vida, ao meio ambiente, nos deixa a todos mais doentes.

Principalmente, os horrores dessa pandemia, quando algo simples, como não poder oferecer, e/ou tomar um chocolate quente, torna-se deprimente, uma agonia.

Eu não escolhi a minha cachorra, ela me escolheu, dos meus pecados me absolveu, porquê estando abandonada, decidiu fazer comigo e com a minha família o seu resto de estrada, escolheu me fazer alguém bem acompanhado, ainda que em um tempo, sem tantos aborrecimentos, não era como hoje, sombrio, desprovido de encanto e brio,porquê eram tempos em que tínhamos o presidente Luís Inácio, onde ser feliz era fácil, um homem com o povo verdadeiramente preocupado, apesar da vocação desse povo para a alienação, para o esquecimento e a atração pelo estrago.

O carinho estampado nos olhos dessa cachorra, quando eu chego da rua, a qualquer dor atenua, me ensina a felicidade, amplia os horizontes da minha humanidade.

Eu lhe dei o meu coração e ela me tornou um homem bom.

Essa minha companheira, está a uma semana adoentada.

Vendo-a triste e amuada, (apesar de muito amada), às vezes, sinto que quando a acolhi, para todo o amor que ela me oferece, nunca tive pedigree.

Uma vez, reunindo toda a coragem de leste, oeste, norte e sul, ela pulou no focinho de um pit bull, que se preparava para atacar o meu filho na bicicleta. Esse pit bull o rasgaria em tantos pedaços, dos quais não daria conta nenhuma coleta.

Ela se machucou bastante, mas se recuperou logo, cuidamos dela de uma maneira bem aconchegante.

Depois de um dia ruim, quando quero confortar o meu coração, ao invés de ir para um botequim, vou para casa e a primeira coisa que faço é abraçar o meu cão.

Eu precisaria sair para tocar violão e cantar esse final de semana, mas, sinto que não conseguirei, com a minha cachorra com dupla pneumonia, na cama.

A você que esperava me ouvir tocar e cantar, pense que ninguém consegue ouvindo um anjo, profissional do carinho, chorar. Preciso primeiro outra vez, fazer nascer o sol, no horizonte marinho, de quem tanto bem me faz, me fez, sem escassez.

Me perdoe, para ser mais livre e perspective...

Lembrando que para muitxs, liberdade abre uma brecha, para matricular o cupido em uma escola de arco e flecha.

À luta companheirada, nos veremos mais à frente, nessa estrada.

Daniel Barthes (Cabana)

23/07/2021

BARTHES
Enviado por BARTHES em 23/07/2021
Código do texto: T7305450
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