Menina Ternura de 1-5

1 - ela a menina ternura...

Seus olhos diziam rosas

os meus falavam presenças

- ecos na carne gemendo

aspirações contorcidas

Nunca mente a sensação

quando o bem a estimula

- suspira a alma e não vence

enleios da fantasia

Canteiro de belas rosas

deus o faz com suas mãos

- ela a menina ternura

meu desejo a revivendo

2 - Seu corpo de borboleta

e fúrias de passarinho

as inocências maldosas

agridem mas não maltratam

Sorriso lhe cai dos lábios

um perfume a diluir-se

em qualquer estrela dos céus

vejo-lhe um seio perdido

Meu sonho que à noite vem

tem carnes da carne dela

antes pagão a seus pés

que santo em altar de roma

Um amor feito de espuma

e de rendas seu olhar

que em torno de seu altar

deus quer anjos e arcanjos

3 - Se perguntarem um dia

o nome dessa ternura

é irmã da acácia rubra

da cidade de Benguela(1)

Ó brisas do mar dizei-me

o que diz que faz ou pensa?

Talvez aquele sorriso

que dela viste poisando

na papoula dos seus lábios

seja a cor do seu desejo

a voz do seu coração

a brincar na minha alma

4 - Que diria aquela tarde

ao rezar-lhe o meu idílio?

Poema que estiolara

distâncias que mais procedem

Pai-nosso da minha reza

quando à noite vou deitar-me

Depois eu crucificado

em ritos de bem querer

Os beijos são de luar

são de espuma o seu olhar

Esfinge que se enamora

nos aromas de si mesmo

5 - Hei-de ir à Praia Morena(2)

afogar meus devaneios

E se uma lenda contar

romance deste jaez

- era uma vez o poeta

que se matou por amores -

brisas mansas dizei não

as ondas do mar chamavam

e meu desejo tão verde

foi no mar dormir com ela