Fim de tarde

1.

.

Esta aragem suave

da tarde

de primavera

Dançam as folhinhas das árvores da Quinta,

das trepadeiras

em volta do portal

.

Grande passarinhada!

Os pardais regressam

Vêm amalhar

.

Nem azul, nem cinzento

O céu imenso,

indiferente e sereno

Convida-me a descansar

.

Fim de tarde

Fim de vida

Tudo passa

Tudo esquece

– Excepto as nossas feridas

.

2.

.

E depois, que farei

quando Anúbis se dispuser

a pesar-me o coração?

.

E que coisa é o coração?

Um músculo, uma máquina,

uma alma? Será pesado ao Kg,

como o toucinho,

ou em quilates,

como os diamantes?

.

Ou será como os dirigíveis,

mais leve que o ar?

.

...Mais leve que a pluma

de Maat...

...E que amuleto me ajudará?

.

Pois não terei um escaravelho

em lápis-lazúli....

Talvez, ao menos, os pardais

da Praceta...

Eles prometeram!

...Não vão faltar...

.

.

© Myriam Jubilot de Carvalho

11-06 2021

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 25/09/2021
Código do texto: T7350083
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