Amor efêmero e eterno

Fruto do efêmero, todo o amor terreno

Mais grita e sofre sonhando com o eterno.

Melhor que voasse logo; mas não é pequeno

O furor de tua sede que me deixa aceso e terno.

Intimidade das bocas ou de um mero aceno,

O amor foge às pressas ao consumo do inerente

E em nossas fracas veias é inoculado seu veneno:

Eis os corpos febris enlaçados, de repente.

Acariciando o teu seio, o tempo pouco estanca

Os limites da noite na cama, e o céu se aclara,

Ante esta paixão que te fez mais bela e branca

À luz das estrelas que te acham assim: tão rara.

Acordo-me infinito em ti, e o teu sol nascente

Repõe dentro de mim o homem que antes era.

A minha ancestral tristeza não mais se sente,

E teus lábios acordam todas as primaveras.

Somos brasas do desejo, e em luz ardemos

Presos perpetuamente ao que deveras seria

O brilho do Amor em nossos corpos, a alegria

Do imortal horizonte em que nós nascemos.

Esse amor que vem e vai, sombra de imprevista

Clareza, a solidão dos amantes não se imagina

Cativa, livremente, ao encanto do desencantado

É preferivel a dor de amar a nunca ter amado!

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 16/10/2021
Reeditado em 17/10/2021
Código do texto: T7365171
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