Pobre da mulher do poeta!

Pobre da mulher que ama um poeta

Pois dele, só receberá versos e amor:

Versos de amor, versos por amor...

Amor de versos, amor por versos.

O poeta irá lhe escrever todos os dias

Aquele amor tão bem talhado em letras;

A coitada nunca ganhará um diamante,

Mas só aquele amor que a rima expressa.

E ele se sentará em um canto reservado da sala,

E cantará o nome dela nas muitas linhas.

E ela, enquanto prepara o café, olhará a chuva que cai,

Modesta como sua vida.

E as declarações de amor escritas pra ela,

Cairão nas mãos de outros,

Que recitarão para outras,

Que em nada se parecem com ela.

Pobre da mulher que ama um poeta,

Sua existência, apenas justifica o amor:

Que não é o dela, que não é o dele, e sim,

O de tantos outros!