SEPULCRO

Pra que serve o lamento pra quem partiu?

Pra que serve a luz, se há veneno nas horas?

Resoluções de madrugada de pesadelo,

se desfazem nas manhãs como papel barato.

A boca logo se ocupa de novos arrependimentos,

em forma de reverências a um mundo machucado.

Quem não atravessou as promessas do efêmero,

não entende a solidão do, desde sempre, estar aqui.

E cria-se loucamente para se ultrapassar o relógio,

como se o tempo fosse a úlcera que o matará por dentro.

Nesse acorde estranho que liga o caminho ao nada,

o cromatismo faz descer às catacumbas do amor,

onde apodrecem as culpas enraizadas que não podem florir.

E de posse da certeza de que o amanhã não mais virá,

é que se dorme um dia, para depois, não mais estar aqui.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 07/11/2021
Código do texto: T7380799
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