Minha Ilusão é não te Amar
Minha ilusão sempre evoca inutilmente o Amor
O qual é o abismo por todos os néscios volvido.
O querer só busca o não-querer sedutor e desconhecido,
Entranhado no ser pelo medo constante de sentir dor.
Nesta virtude são aspergidos os fragmentos ocultos
De todos os gestos abandonados no íntimo das Horas.
As Lembranças dos beijos são o palco dos vultos
Que tecem as febres de teu desejo que tanto ignoras.
O cair da Noite resplandeceu um agonizante candelabro
Que tu escondes debaixo dos leitos difusos de teu sorriso,
O qual imola as verdades do que se julgou ser impreciso,
Devo abrir as portas de meu ser para teu amor endiabrado?
Os oráculos dos Traidores profetizam os augúrios do lume
Que mutila as súplicas do Vácuo que caminham em tua alma.
Abandonaste meu Pensar ao abraçar as faces do perfume
De meu Ser que em teu corpo esculpiu a ilusão da calma.
Esta Mágoa tangível adubada pela tua ausência,
Que sempre inicializa os eternos términos de meus sonhos.
Não amar, não odiar e nem nada sentir é a essência
Onde anseio em mergulhar e vomitar meus eus tão tristonhos.
Quando te amei, vi-me em teus olhos brilhantes de primaveras,
Mas uma nuvem encobriu e revelou a luz de teus semblantes.
Nossas mãos eram enlaçadas por vontades mentirosas e distantes,
E meus Sonhos se afogaram nos rios exânimes de todas as quimeras.
Teu Reflexo na água despia tua alma tão distante de mentiras;
Tuas lágrimas autênticas eram chuvas de um amor hipnótico!
A Chama de meu coração cresceu no corpo que tu sentiras
A brandura real de meus sentimentos sensivelmente lógicos.
Quero em meus templos exorcizar tuas fogosas e castas carícias
Em que despi meu ser por te idealizar como baluarte.
Buscar a beleza de nossa própria Solidão é a sublime Arte,
Perante a voz de nosso silêncio cheio de sombras e de dias!