"O rarefeito amor"

Tua presença é passeio, presente,

Uns dias de grego quando a gente se desentende

Dá vontade de tornar passado

E ao mesmo tempo pensar nisso causa receio

É compromisso reafirmado, passatempo

Sem horário marcado ou feito de rodeios

Mãos atadas, cabeças livres

Amor liberto e anéis nos dedos

Roubo uns minutos teus e

Com os meus melhores te presenteio

Também tem dias de temporal

Até o amor atemporal

Tira um dia pra dar um tempo

Tiroteio emocional pelas vielas do coração

Um atira o outro vitimado revida e assim defende

Nem por isso eu levo a mal

Tens direito de errar, arcar com os custos,

Ferroar, se arrepender

Tenho o meu de desculpar,

Reconhecer, deixar passar, me recolher

Prisioneiro de um bem me quer

Que nem sempre sabe bem querer

Esqueço a culpa e as impossibilidades

Pra considerar tuas vontades

Dentre outras vantagens

Que perco às vezes por não ceder

Nesse estranho mar de medos

Que a vida nos empurra e impõe tão cedo

É fácil sossegar em silêncio,

Negociar consentimento,

Duro é calar cada voz lá dentro

Quando o peito pesa, a cabeça esquenta

Incendeia o ambiente

Omissões são mato seco

Descobertas querosene

Só no pós-acontecimento

Quando vazios de ressentimentos

Bate a consciência como extintor de incêndio

Despimos o ego pra buscar

Feito agulha num palheiro

A fagulha de um rarefeito, insuspeito, amor

Prevalecendo sobre a ideia de não sermos

Uma fatia cotidiana de um mais do mesmo.

Pablo Machado
Enviado por Pablo Machado em 14/12/2021
Reeditado em 15/12/2021
Código do texto: T7407495
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