Sprezzatura
Ancorei-me em nuvens, perdi-me nos céus
Vozes que alçavam voos intrépidos em
uma tormenta de pensamentos aéreos
me achei no caos organizado que rege
as orações, as esperanças e os passarinhos.
e como se as horas não passassem
e os caminhos se curvassem obedientes
à relatividade einsteniana
Fluí por terrenos de memória
E a cada centímetro que percorri
Recordando-me de ti
Em metros me descobri
e percebi, a cada descoberta,
que me conhecia menos e,
quanto mais me conheço,
me descubro além
E a ti, doce Anjo,
ofereci minhas mãos imaculadas
E meu coração esgurmitado por eras
De memórias decrépitas.
E como prêmio inefável
em discordância terrena
Conquistei os louros expurgatórios
de culpas ensandecidas
que em Santa clarividência,
comburida pelo sangue celúrico,
que escorre em meu interno descalabro,
Elucidou vossos olhos tão misericordiosos.
...
Eu estarei esperando, tal como um farol
Sinalizando para que se afaste
Consciente de tua presença distante
e sua falta, que preenche o mundo,
Metabolizarei em marcas eternas
Cicatrizes severas
Lembranças pétreas
Memórias epidérmicas
E coragem.