meu vazio é repleto de você
doces memórias
amarga saudade
nada está no lugar
quanto de mim é amor
entrega-se
na conjugação do verbo
t r a n s b o r d a r
a ausência ocupa
cada fragmento
de meu ser
ainda é indagação
sem esclarecimento
a solidão faz de mim
r e f é m
quero continuar assim
as reticências me assombram
no confronto com elas
volto ao ponto inicial
nesse calendário soturno
primeiro de janeiro
cai em cinco de junho
não há queima de fogos
não se brinda
a esperança
a bonança
o espaço em branco
para rasurar
novos desatinos
em essência
a n t i g o s
perdida
na contagem dos dias
numa encruzilhada
a remontar versos
e jogar ao vento
o resto da esperança
consigo o cruel
p a r a d o x o
presente no presente
eis que o invoco
já um pouco distante
inalcançável
se visto do horizonte
doces memórias
amarga saudade
no silêncio reconfortante
de uma terna madrugada
desaparece a distância
meu vazio é repleto de
v
o
c
ê.
01/01/2022