Afogado

Vinte anos se vão

Desde a chalana no rio

Lembrei dos braços do rio

De seus olhos negros de rio

Dos seus braços de rio

A me inundar

Me vejo os braços esticados

As pernas que batem ermas

Inalo suas águas limpas

Que me invadem as entranhas

E já não posso flutuar

Desço sereno ao fundo

São tantas cores tantos peixes

Tal qual da vida os amores

Deito meu corpo no lodo

Feito meu corpo no seu

Entranhado emarando

Musgos troncos membros

Não há por que lutar

Basta se entregar

Reflexos da floresta na água

Copas de árvores imersas

Me contorço me debato

Já não sei se é você ou o rio

Que minha vida irá ceifar

Luís Carlos Pileggi Costa
Enviado por Luís Carlos Pileggi Costa em 25/01/2022
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