Caminhos e descaminhos do amor

Hoje compreendo que o amor não é posse.

Amor e posse são grandezas

inversamente proporcionais,

pois quem ama não possui

e quem possui não pode amar...

Difícil deixar a porta aberta

para o amor usar a liberdade

de querer ir ou querer ficar,

pois preso ou não alimentado ele definha

e então sai, capengando e caminha

porque lhe quiseram cortar as asas.

Outras vezes, apesar de tudo,

o amor bate as asas e vai embora

porque ali não era o seu lugar.

Ainda assim é preciso deixá-lo ir

pois prender não é amar.

Ido o amor, é preciso seguir outro rumo,

arrumar a casa, aprumar os passos e seguir...

a vida é rio e o que vai em suas águas não volta

e mesmo que o rio encontre o mar

e a vida encontre a morte

o leito por onde corre a água já não é o mesmo

e às vezes o leito fica seco...

Mas nas primeiras chuvas ele enche,

a água corre e mais uma vez

temos a chance de navegar

sabendo agora que nessa travessia

às vezes somos o destino

e em outras tantas somos apenas o barco

que leva de uma ponta a outra.

Cícero - 04-02-22

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 05/02/2022
Código do texto: T7445671
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