Caminhos e descaminhos do amor
Hoje compreendo que o amor não é posse.
Amor e posse são grandezas
inversamente proporcionais,
pois quem ama não possui
e quem possui não pode amar...
Difícil deixar a porta aberta
para o amor usar a liberdade
de querer ir ou querer ficar,
pois preso ou não alimentado ele definha
e então sai, capengando e caminha
porque lhe quiseram cortar as asas.
Outras vezes, apesar de tudo,
o amor bate as asas e vai embora
porque ali não era o seu lugar.
Ainda assim é preciso deixá-lo ir
pois prender não é amar.
Ido o amor, é preciso seguir outro rumo,
arrumar a casa, aprumar os passos e seguir...
a vida é rio e o que vai em suas águas não volta
e mesmo que o rio encontre o mar
e a vida encontre a morte
o leito por onde corre a água já não é o mesmo
e às vezes o leito fica seco...
Mas nas primeiras chuvas ele enche,
a água corre e mais uma vez
temos a chance de navegar
sabendo agora que nessa travessia
às vezes somos o destino
e em outras tantas somos apenas o barco
que leva de uma ponta a outra.
Cícero - 04-02-22