Sesmaria

O chão era de estrelas, aroeiras e ananais

O capim mesmo seco alimentava os animais

O canto era triste, o futuro imprevisível

Caminhava-se distante em busca do improvável

Bastava ter dinheiro para comprar de tudo

No sortido armazém do seu Raimundo Braz.

Na entrada do povoado casas de alvenaria

Alegres na janela se via seu Braz e Raimunda Luzia

Candeeiro a noite a sala iluminava

Lá fora vagalume no escuro vagueava

E de manhã raio de sol nas frestas reluzia, brilhava

Aroeira de casca grossa mamãe cozinhava

E chá mamãe para os filhos fazia

A todos da casa gentilmente oferecia

Uns dispensavam ao achar que ardia

Não tinha tempo ruim a gripe o chá bania.

Aroeira, cactos, jacarandá e braúna intempérie resistiam

Na casa de pau-a-pique meninos pelados corriam

Sofria-se de barriga d’água, mas ninguém reclamava

A vida era sofrida na estância onde morávamos

Mas com luta e muito estudo dificuldade ficou para traz

Deixei meu reino encantado, a pequena Sesmaria.

Coberta de aroeira, cedro, imbaúba e ananais.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 14/02/2022
Reeditado em 14/02/2022
Código do texto: T7451671
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