Versos Sublimes e Descarados Para Ícaro

Eu dancei com pares afoitos

Tal descompasso, fez-me também afoito

Com toda a força que já era pouca

Eu carreguei a cruz do meu desejo

Há perguntas isoladas

Que só o encontro de lábios responderiam

Carne, esquiva, quentura no intervalo dos teus dedos

Parto prematuro, o amor é uma vontade e partida eminente

A infantaria dos meus olhos dispara contra os teus

A toda a sorte, espero que sobreviva

Espero aceites a dívida que tenho com a paranoia

Fazendo dela minha senhora, companhia e devoção

Eu sou apenas um eco de alguém que te quis

Um rosto cansado para esquecer

Quiçá, uma memória tua hesitante

Presa a sorte da roda da fortuna

Apesar de tudo, eu canto para teus ossos

Vide a mim, ante a guerra que prometo

Morrer é melhor do que viver longe do teu encanto

Que a esta altura já celebra décadas e assombros

Premeditado delírio, a cova e a intimidação

Teu fígado é uma cova aberta de intenções

O território infértil dos teus sonhos

Sonhando o sonho infantil dos outros

Pesa em meu corpo

A fábula dos teus olhos descasos

Me aceitando, me temendo

Me atraindo para os bosques de línguas agulhas

As taças que empilho, metade são sobre minha inadequação

Metade é sobre você, aliás, teus efeitos sobre mim,

O resto eu fico divido a qual santo vou comemorar o meu azar

Se me guardo a vontade de Santo Antônio ou me entrego em encruzilhadas

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 18/02/2022
Código do texto: T7455250
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