A JANELA
A JANELA
Debruçada na janela
Sobre a floreira amarela
Testemunha a vida passar
O olhar alcança o horizonte
Onde o sol encontra o monte
E o monte esconde o mar
Um sorriso indecifrável
Lhe confere uma inefável
E contagiante simpatia
O porte nobre e altivo
De olhar contemplativo
A transforma em poesia
Como um quadro permanente
Testemunha transcendente
De mutismo impenetrável
Uma esfinge fascinante
Um mistério intrigante
Um enigma indecifrável
Por onde vagueiam seus sonhos?
Por que os olhares tristonhos
Perdidos na cordilheira?
Quem, por Deus, a faz sofrer?
Quisera este poeta poder
Dedicar-lhe paixão certeira.
Sonhos vãos de um trovador
Que não pode acalmar a dor
De sua musa impossível
Na janela só o corpo espera
Pois a alma se desespera
E se perde no horizonte intangível