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AMEI-TE

Inspirado na balada homónima de Florbela Espanca

 

 

 

Amei-te muito, e eu creio que me quiseste

Também por um instante, nesse dia

Em que tão docemente me disseste

Que amavas ’ma mulher que o não sabia.

 

Aquele dia foi, aquela tarde!...

E morreu como morre todo o sonho

Deixando atrás de si só a saudade...

 

Da quimera bebi naquele dia

A tragos bons, profundos, a cantar...

 

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E como o rei de Thule da balada

Deitei também a minha taça ao mar...

 

F. Espanca

 

 

 

 

 

AMEI-TE SIM, NÃO O DESMINTO

NÃO NUM INSTANTE, MAS TODA VIDA

FOSTE PARA MIM O ABSINTO

QUE ME PERDERIA, QUERIDA

 

ACHO QUE NUNCA SABERIAS

DESSE AMOR FUNESTO E FATAL

QUE ME ARRASTOU SEM CORTESIAS

E ASSIM FEZ TANTO, TANTO MAL

 

MAS SE MAL ME FEZ, TANTO MELHOR

QUE ACABE TUDO DE UMA VEZ

 

MAIS VALE MORRER-SE DE AMOR

QU’ EXISTIR DE MODO TÃO SOEZ

 

 

F. Estêvão 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ferreira Estêvão
Enviado por Ferreira Estêvão em 15/03/2022
Reeditado em 15/03/2022
Código do texto: T7473079
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