esqueça todas as palavras belas

esqueça todas as palavras belas,

os suspiros à lua, os sonhos, as flores,

jogue ao chão todos os amores

e mate-os com suaves pisadelas!

arremesse com fúria meu olhar calado

ao infinito espaço de onde, triste, veja

que o coração ferido com amor beija

aquela que o matou, e, sepultado,

desce ao útero do mundo sua lembrança

de quando a algoz mentira o rodeava

com palavras sedentas de esperança,

de vingar o amor que reclamava,

como anseia o amanhecer a criança

para voltar ao peito em que mamava!

Clóvis Luz da Silva
Enviado por Clóvis Luz da Silva em 22/11/2007
Código do texto: T747785