esqueça todas as palavras belas
esqueça todas as palavras belas,
os suspiros à lua, os sonhos, as flores,
jogue ao chão todos os amores
e mate-os com suaves pisadelas!
arremesse com fúria meu olhar calado
ao infinito espaço de onde, triste, veja
que o coração ferido com amor beija
aquela que o matou, e, sepultado,
desce ao útero do mundo sua lembrança
de quando a algoz mentira o rodeava
com palavras sedentas de esperança,
de vingar o amor que reclamava,
como anseia o amanhecer a criança
para voltar ao peito em que mamava!