FUGA
Eu não quero falar sobre isso,
não quero ouvir nada que me faça lembrar dessa noite.
Talvez um dia eu me permita conhecer-te o suficiente para, quem sabe,
eu descobrir que sempre estive errado,
Mas, por hora, eu prefiro fugir para bem longe do teu sorriso.
Em que Lua poderei esconder-me?
Em que vento poderás encontrar-me se,
por ventura, nossos caminhos deixarem de se cruzar?
Cá estou eu, mudo e calado como sempre fui,
na esperança que as ondas do mar me levem para bem longe de ti.
Mil voltas eu daria em Saturno, e quando eu retornasse,
tu ainda estarias lá, no mesmo lugar,
a espera de um trem que nunca vem.
Melhor recolher-me a minha frágil necessidade dos teus débeis afetos,
Do que olhar nos teus olhos outra vez.