Eu queria ser: a garota: que vai voltar.

"O mundo é grande, mas é só uma ilha"

Pra mim a gente é igualzinho:

Ratos de rodoviária

com corações estatelados

por nós mesmos

e gente sacana.

Adultos incompletos

que já deviam ter passado de fase

mas, ainda não e tá tudo bem,

ou quase.

Me disseram que eu estou apaixonada por você.

Eu não gosto de medir as coisas assim,

parece burrice, é, só é.

Não acho que dá pra bater o martelo

com base nas alterações da minha frequência cardíaca, mas

é verdade: ela tem se alterado.

Ainda mais agora que eu li umas histórias de amor.

Não sei, parece que pensar na gente me traz esperança,

já que a gente é assim:

parecidinho.

Eu admiro sua garra, de ir e vir

sua barba

seu gosto pela leitura

teu sotaque difícil de identificar

o teu jeito de filosofar

e todo o conhecimento

que você deve ter

Eu estranho suas calças e meias

seu corte de cabelo

seu gosto pelo álcool e nicotina

teu desinteresse evidente

o teu jeito de me olhar (o que foi aquilo?)

e a paixonite que você deve manter

Peço perdão

sou meio carente

e meio careta

eu não quero te machucar

Quero, de ti, cuidar

beijar

e um cachorro quente com pasta de alho,

te dar.

Mas, será que eu quero?

Será?

Eu teria medo dos nossos encaixes desprototípicos

De contar nossa história aos meus abusadores

De um rompimento traumático

De maneiras mal vestidas

me alegro quando meu cérebro te reconhece no ambiente

e tua ausência me deixa com a alma descorada

Eu ouço Charlie Brown Junior

Leio histórias de pessoas se amando

Boto no papel versos livres e brancos

E penso na intensidade com que você queria que alguém fizesse isso pensando no seu coração.

E a intensidade cardíaca: 67

mas, a sensação térmica das batidas é 102. Ou 105. Ou alguma que dá infarto fulminante.

Eu só queria ser a garota que vai voltar...

N.V - 19/ 04/22

LizaBennet
Enviado por LizaBennet em 19/04/2022
Reeditado em 19/04/2022
Código do texto: T7498052
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