A PARTIDA

Por todo céu se estendia

O fogo do sol no horizonte,

E eu, à cabeceira da ponte,

Acenava para o barco que partia.

Neste momento, em mim escurecia

O clarão da alvorada interior,

Pois tantas eram as lágrimas de dor

Que apagaram a luz do meu dia.

Fiquei fincada no solo, dormente,

Só na interna noite onde a alma chora,

Quem sabe surge um anjo da aurora

Para levar o sentimento descontente,

Que invade meu peito nessa hora

Em que sou uma ovelha perdida

No imenso e agreste campo da vida

Cercada pela solidão que me pastora.

01/07/04.