Poema – Auroras e Apatia

Poema – Auroras e Apatia

Não era sobre a depressão

As drogas, o vício em sexo

A literatura autodestrutiva

Ou os traumas que me assombravam

Era sobre o vazio

Que habitava em meu peito

Ele sempre esteve la

Desde as raízes da minha infância

Até os atuais horrores da minha

Vida adulta

Somente o Diabo

Poderia descrever como eram

Aqueles sentimentos

Disfarçados de angústias

Sufragados neste receptáculo

Vazio e sem alma

Era como se (...)

O mundo sangrasse diante dos

Meus olhos e tudo que eu sentisse

Tudo que eu conseguiria dizer

Diante daquela tragédia era

- E não sangramos todos?

A dor o sangue a morte

A percepção de empatia

Tudo havia se perdido

Como se de repente

Eu me tornasse cada vez mais frio

Cada vê mais... Sujo

Não porque eu havia me apegado

Em qualquer uma destas filosofias

Patéticas que durante séculos

Colocaram homens e mulheres

De joelhos louvando homens

Brancos cuja faculdade mental

Era tão deplorável quanto os

Seus banheiros imundos

E sim porque eu havia perdido

O pouco de humanidade que

Havia me restado

Eu não conseguia escrever

Não conseguia dormir

E era obrigado a inventar sentimentos

Que tampouco conseguia senti-los

E isso me matava por dentro

O que eu estou me tornando?

Entreguei a minha alma ao Diabo

E ele carregou para o inferno

Junto aos seus grunhidos

A minha humanidade...

Haviam me restado somente

Duas coisas

O amor que eu sentia ao olhar

Os seus olhos doces

E o desejo carnal pelas curvas do seu corpo

Mas do que adiantaria?

Sentir amor e tesão

Se além disso

Eu não sentia mais nada...

Era irônico

Uma grande piada de mal gosto

A primeira vez que eu tentei

Me matar foi porque eu estava

Sentindo demais

Agora eu estou me matando

Porque eu quero sentir alguma coisa..

- Gerson De Rodrigues

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 13/06/2022
Código do texto: T7536599
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