ALIANÇA

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Através da vidraça a chuva escorre,

Traça marcas indeléveis, sulcos imaginários

Por mais que insista, respinga, não sulca, apenas

Deixa marcas...Não marca!...

O vidro é refratário.

Inusitada esta aliança: Água e vidro

Num frenético balé, deslizam, sem compromisso

A água beija o vidro; este submisso.

Num repente, tudo pára. Nem precisa aviso

O sol é que se insinua, penetra em claridade

Ante o vidro que segue inerte, passivo...

Lânguido olhar que adentra a alma, sela dois corações

Protocolou-se a união, imaginou-se conforto;

Sem grau de liberdade, fatídico anel, quanta ironia

Rompeu-se a cumplicidade, lá se vão poucos dias;

O vidro do amor marcou, cizalhou, desfez-se a magia:

- O um não era dono do outro

Mórbida constatação por ser ativo;

Persistindo a união, tornar-se-ão mortos-vivos.

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by jorge-arildo

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