Erótico XV

Era um eu indefinido, retrato inacabado . Onde começa e termina o que se não vê? Até há pouco era a serenidade. Depois, com estrondo, chegou a emoção e a água que me choveu por dentro, liquefez tudo enquanto dizia sensações que vinham da terra, do mais profundo de mim.

Havia enchentes e lama, cristalinas águas que muito antes haviam chovido e agora se decantavam em reflexos e brilhos, em humidades e trilhos, em fresca boca rejeitada. Não era o que queria.

Não seria tranquila a viagem, nem nunca de branco. Agora com a emoção vinha o fogo que corria, aquecia, molhava e lambia. Que queimava. Arder como resposta, queimar tudo, enegrecer e voltar como Fénix a ser saudade, aquela morna vontade de não estar. O fim da guerra dos sentidos, do começo de um tempo todo novo com rebentos de erva e florzinhas amarelas que ninguém vê.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 01/07/2022
Código do texto: T7549787
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.