Onde Anda Você

Um dia o amor terminou

porque não resistiu a continuar

da forma como iniciou e foi vivido.

Ele foi tão idealizado,

que um amado olhava para o outro como se

fosse a imagem do que ele desejava ver.

Assim, deixaram-se de se amar

quando esse complicado objeto de desejo

deixou de ser refletido no outro.

E, então, cada um foi para o seu lado,

a procura de um outro espelho

para refletir os mesmos

desejos egoistas de sempre.

Creio que essa natureza fugidia do amor

tem muito a ver com o desejo da posse.

Por isso, imagino sentimentos desprovidos

do desejo ou da certeza de um ser apenas do outro.

Afinal a sabedoria nos ensina que "não

é possível possuir nada, nem nós mesmos".

Imagino procurar em Você, não a imagem

desse amor globalizado que todos sonham.

Imagino gostar de ouvir Você falar dos seus caminhos,

das suas experiências amorosas, tesões,

e que isso tudo me excitasse, ensinasse e estimulasse,

no lugar de provocar ciúmes fúteis e possessivos.

Imagino olhar para Você e ver uma amante,

não minha mulher, meu objeto, ou a minha dona.

Ando imaginando muito e praticando o oposto!

Nem sei se conseguiria viver

como imagino o melhor jeito de ser!

Além disso, ONDE ANDA VOCÊ

querida imaginária?