Um Misto De tudo

Num abraço em que me abraço só,

As palavras não saem, na garganta um nó.

No olhar um brilho intenso,

Te amar sei que estou mais propenso.

Mas agarro em mim sem pudor

Nas noites frias, e com ardor.

Meus pensamentos seguem na tua direção,

Feito flecha certeira tentando atravessar teu coração.

E mesmo refém da minha ilusão,

Tu não se deixa entregar não.

Meu coração está em frangalho,

Já estou perdendo o juízo.

Passo as noites no orvalho,

Seja de roupa ou despido.

Não sinto o calor da alma,

Já não sei o que é fome.

Mais nada na vida me acalma,

Vivo gritando seu nome.

Vê se volta de uma vez,

Não me deixa aqui desse jeito.

Olha o que tua partida me fez.

Eita dor dentro do peito!

Minha doença fim não tem,

Se depender desse alguém.

Engulo teu nome a seco,

Pelas esquinas, nos becos.

A cura já não almejo.

Vivo o viver do desejo.

Em claro eu passo as noites,

Pelo lampejo do açoite.

Me debato nos teus sentimentos,

Sem ter perdas nem mesmo proventos.

Eu sofro o que já antes sofria,

Pela maledicência da tua tirania.

Jogou-me ao vento, ao léu

Tirou-me dos pés o chão.

Arrancou-me da glória, do céu

Vivo a sofrer em tua devoção.

#GafanhotoNegro