À MANHÃ SEGUINTE

À MANHÃ SEGUINTE

Ressábio em taças vazias,

Garrafas pelo tapete…

Fantasias e confete

De passadas alegrias:

A rainha mais o valete…!

Pálida, a luz matinal

Suavemente se derrama

Sobre os lençóis pela cama,

Onde um desnudo casal

Ensaia amorosa trama.

Pela beleza da fêmea

O prazer tão prometido:

A nádega à mão — “Querido!…”

Faz logo inveja à gêmea

Outro carinho atrevido.

O mesmo pelo varão

Se vê em seu repousar.

Enfim o ardor dá lugar

À languidez na ilusão

De ser amado e de amar.

Tudo, porém, tem final:

A alvorada traz o dia!

Partindo, em hora tardia,

Já se despede o casal

D’aquela vida vadia.

Belo Horizonte - 07 08 2022