Pequeno tratado de um amor a transbordar

O amor quando é grande demais, transborda de nós mesmos, derrama esparramado da embalagem de nossos corpos.

 

Ele não se contém em carinho, carícias e cuidados, para cada ocasião que assim necessitar ou quiser a pessoa amada.

 

Rima com tudo que é bonito, chegando a compor na mesma sentença, lua, sol, estrelas... Sem cair do firmamento.

 

O amor quando é grande demais, transborda de nós mesmos...

 

Amor que não cuida, não afaga, não protege, não acaricia, não é amor, deve ser algo que de contido em si, vive egoísta.

 

Sim, ele dá prazer antes de se preocupar em ter, ele beija e abraça sem motivo, e se dá, flutuante, com os pés no chão.

 

Se derrama esparramado da embalagem de nossos corpos...

 

É imaginar além dos sonhos, pois até o sonhar não se limita ao sono, ele se processa desperto, para não se conter.

 

Ele canta músicas antigas com novos significados, descobre a quem ama nas letras antes tão sem ninguém definido.

 

E derramando esparramado prossegue além dos nossos limites físicos...

 

Observando a beleza em rotinas diárias, se apaixonando pelos risos e sorrisos, em gargalhadas e silêncios.

 

Rompe grilhões, quebra regramentos, reescreve leis, dobra convenções, enfrenta opositores, tudo enfrenta.

 

Por ser grande demais, o amor transborda de nós mesmos...

 

E flutua como borboletas, migrando de uma imaginação à outra, sempre tendo motivos para voar ao encontro daquele ser amado.

 

E em cada partida, em cada simples despedida, há de tão vazante a energia do voltar, porque não cabe mais sozinho na realidade de um só.

 

Se compartilha em doação sem necessidade de pedir, pois não há nada em um que falte que no outro não incomode.

 

E derramando esparramado prossegue além dos nossos limites físicos, por ser grande demais, o amor transborda de nós mesmos...