Jundiaí

São duas horas da manhã - uma madrugada fria de setembro.

O sabiá rasga a garganta em plena avenida 9 de julho.

Nenhum dos extensos prédios é capaz de esconder a dor ou amor que ele traz no peito.

E o shopping parece não ter uma loja que o sacie.

Passa a viatura da polícia e não o prende, porque sabem que tamanha tristeza/ alegria não cabem numa delegacia.

Nem a farmácia 24h tem um remédio para ajudá-lo. Todas essas árvores são insuficientes para acolhê-lo. O café do posto de gasolina não o agrada.

Os andarilhos passam e o observam.

O vigia do edifício ao lado olha para cá e eu olho para lá e não compreendemos tamanha solidão e solitude. Os semáforos abrem e fecham em sintonia.

A rua se cala para ouvir, mas o som de seu canto se distancia e se perde no horizonte.

Certamente foi embora.

Foi amar em outro bairro.

Vai sabiá, vai nas serras do Japy, vai no mundo das crianças, no parque Engordadouro ou Eloy, quem sabe ainda, no Jardim Botânico, quem sabe lá tu encontres outro canto.

Jundiaí, Interior de São Paulo, 06 de setembro de 2022, 02h40 am.

*** Oito meses nessa inenarrável cidade***

Ronaldo Crispim
Enviado por Ronaldo Crispim em 06/09/2022
Reeditado em 23/04/2024
Código do texto: T7599381
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