TEMPO DE OUTRORA

A pena deslizava mui morosamente 

Pelas linhas finas da folha amarelada

Em letras tortas escreve da saudade

Do grande amor do tempo de outrora.

 

No papel foram tantas rabiscadas

Mal traçadas na hora da despedida 

No rascunho dois corações partidos

Por entre aspas um adeus padecido.

 

Nas entrelinhas escritas na cartinha 

De um rosto desenhado na memória 

Fala do tormento do tênue instante

Da partida sem a passagem da volta.

 

No cantinho esquerdo do pergaminho 

O rabisco de uma rosa branca na janela 

No suplício atormentado de um escrito

Duas almas desperdaçadas num pranto.