Epitáfio: o amor nunca morre se, de fato, for amor.

É preciso que se saiba,

Tem coisas que não dá pra entender:

Alguém que não diz nada,

Mas espera o compreender.

Na profundeza do silêncio.

Nas profundidades do coração,

Não há luz, nem lenço,

Onde cresce a solidão.

Do abraço escasso,

Do beijo, que como flor murchou,

Dos olhares desencontrados,

Como flecha que o alvo errou,

O que ficou?

Saudade dos que não foram;

Enterro dos mortos-vivos;

Fogos que não estouram.

Sentimento indizível,

Posto não ser compreendido.

Onde dorme o amor?

Na tumba dos esquecidos,

Na mente do "tanto faz".

No seio dos entristecidos-

Os deixados para trás.

Por que dorme o amor?

De certo, foi embalado pelas canções das prioridades.

Dos valores invertidos,

Das alegrias fugazes.

De tão dormente o amor,

Alguém pensou que ele morreu,

Sendo-lhe perguntado

O que foi que aconteceu

Esse alguém, enlutado,

Prontamente respondeu:

Disseram que o amor já era um rapazinho, que era jovem e forte, podia viver sozinho.

Estavam enganados,

O amor era um bebê,

Que por falta de cuidados,

Morreu por não ser

Devidamente alimentado.