"Correndo pra encontrar o amor"

Por um instante pensei que fosse pressão

Tive a impressão lá no princípio de infarto

Começou silencioso e foi tomando espaço

Corria depressa prestando atenção

No ritmo do fone, na disritmia do cardio

Desacelerei o passo pra melhor constatação,

Mas já era tarde pra discutir emoções e diagnósticos

Quem venceu invicto foi o coração

Arrebentando os portões do meu peito

Nervoso feito criança que solta a mão da mãe

Em plena muvuca de sexta no centro

Batendo forte de amor por ela

Que vinha retilínea em minha direção

Repetida ocasião que não perde o posto de momento perfeito

Na contravenção que atropela o sujeito

Cada acidente que foi responsável por trazer pra perto

Pranto, parto, Porto, trejeitos e trajetos

Porta voz de efeitos, dependente de afetos

Desde ressurgir em uma segunda vinda

Até ancorar nessa cidade há anos e quilômetros

De onde tudo começou debaixo do primeiro teto

Protagonizando uma vida fragmentado em fases

Causando coisas impossíveis de transferir para um poema.

Esse ainda é meu maior problema:

O tanto que eu sinto e não sei (só insisto) exemplificar.

Não me ocorre nada a que nos possa equiparar

Teimosia minha ainda querer discutir,

Mais ainda a de querer inventar

Teorias, tramas, termos, teoremas,

Sobre o que só cabe investir sem querer controlar.

Pablo Machado
Enviado por Pablo Machado em 14/01/2023
Reeditado em 16/01/2023
Código do texto: T7695070
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