MORTE DE UM POETA

Amigo, quando na campa, por sina, eu repousar,

Não chores por mim, porque tudo na vida é ilusão!

Sou um mísero sofrente que da dor quer escapar

Sou mais um simples rosto que sairá da multidão

O fado das minhas tristezas me fêz tanto pensar,

Se esta existência para mim foi severa punição;

A melodia da felicidade nunca aprendi a cantar,

Merencória vivência, escopo de tanta altercação!

Quando meu soma, ali inerte, não mais respirar,

Já não mais faço parte desta atroz conspiração,

Deixa apenas que os vermes venham consumar

O corpo de um lírico que só alcançou decepção.

Os clarins com toques estrídulos vão anunciar,

O retorno de um poeta à sua nova dimensão.

Rivadávia Leite
Enviado por Rivadávia Leite em 10/12/2007
Código do texto: T772104