Lua

Navego num barco lento,

De pouco vento e muita mudança,

De muito tempo e esperança,

Sobre um rio curioso,

Caminho tortuoso,

Que me prometi passar.

Neste barco há um corpo,

Numa caixa lacrada,

Que no mar vou jogar.

Essa caixa é um caixão,

Com uma tampa vedada,

Que prometi não tirar.

Olho o céu, vejo a lua,

Seu reflexo na água,

Que conforme a passada,

Mal consigo enxergar.

Com a lua acordada,

Pensamentos vêm fundo,

Meu sentir é profundo,

Tão confuso é esse mar!

Você vê o caixão?

Foi jogado na água,

Numa manhã bem clara,

Sem vestígios da lua...

Me veja afundar!

Afundei por um tempo,

Até encontrar o momento,

Que eu pudesse me encontrar.

Siga no barco lento,

Que talvez, passado esse tempo,

Eu consiga te alcançar.

Nesse dia, sem lamento,

Eu inteira e você dentro,

De um espelho que eu possa olhar.

Carolina Maria Souza
Enviado por Carolina Maria Souza em 26/02/2023
Reeditado em 27/02/2023
Código do texto: T7728394
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