Saudade
Quando te vi partir naquele ano de 1900
Pensei em te acompanhar prá eternidade,
O peito pequeno ficou grande de tanta saudade
O verso ficou mais pobre, ficou mais triste,
E o pomar de nossa casa ficou sem vida,
Até mesmo o velho ipê amarelo perdeu as sombras
Aquelas que te viram descansar depois da mesa
E te tornaram ainda mais bela, ainda mais flor.
Fui e voltei mais de mil vezes aos mesmos recantos
Eu buscava talvez alguma resposta prá tua partida
Buscava o teu riso no antigo bosque do nosso amor
E os dias ficaram tão longos, tão esquecidos,
Ficaram como a bola abandonada da infância passada
Como a cerca que segue o rumo à margem da estrada
Tal o coração que pulsa frágil sem a presença amada
Que palpita nas rimas e transita nos versos.
Levei anos até entender a dor da despedida
Gastei o meu tinteiro a escrever o teu nome
Dedilhei meu violão prá cada estrela que nasceu
E pude acalmar o meu espírito ainda tosco
Pude te pintar envolta nos girassóis amados
E te fiz novas serenatas nas noites de lua,
As mesmas que te faziam ainda mais encantada
E reforçavam meu amor por ti, minha doce amada.
É verdade, que quando te vi partir naquele outono,
Não pensei que fosse restar comigo algo de vida
Mas com o tempo, o peito ficou cheio de esperança,
O verso ficou tão forte, ficou tão mais límpido
E o pomar de nossa casa ficou ainda mais lindo,
Até mesmo o velho ipê amarelo retomou as sombras,
As mesmas que te viram descansar depois da mesa
E te tornaram ainda mais bela, ainda mais flor.
Pois fui, voltei de novo aos mesmos mil recantos,
E encontrei, toquei a resposta prá tua passagem,
Quando buscava o teu riso nos longos anos já idos
Pelos dias já vividos, que restaram enternecidos,
Tal aquela criança doce que no passado era feliz,
Alegre por se elevar à paz no final da estrada
Com o coração a pulsar forte pela presença querida
Que me veio encontrar tão linda na minha partida,
Na minha chegada...
Ilha, 25.XI.2007.
Prá minha amada.
(Obra protegida pela Lei 9.610/98)
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