Capitão do Negreiro

A poesia eu criei, os amores eu inventei, me apeguei a esperança, viajei nas lembranças que a vida me ofereceu, nada foi por acaso, do relógio o vidro quebrei, os ponteiros adiantei, fiz tudo que a sorte mandou, te amei você me amou na calma madrugada.

Entrei no barco rumo ao Norte, atraquei em Salvador, vi de longe Castro Alves e o escravo no pelô, sapatilhas de Dom Pedro, o branco apontado o dedo pro negro que se calou. minha luta foi inglória, da peteca a grande bola, me embolei na embolada, ouvi cantar de castanha e caju, Waldir Soriano, Teixeirinha do Sul vaneiro vaneirão na gaita tocar.

Andei mais um pouquinho fui abraçar gente boa do meu lindo Ceará, li Grandes Sertões Veredas do saudoso Graciliano Ramos que me ensinou a falar e Maria Filipa na exposição do ITD - Instituto Territórios de Diversos - que fui visitar.

Essa é mais uma história de conteúdo, que esse poeta talvez não soube contar: "Canta canta minha gente/deixa a tristeza pra lá/canta forte/cata alto/que a vida vai melhorar” já dizia Martinho da Vila pagodeiro do meu lugar.