Sinal Verde

Deixo meus sinais

nas curvas das vírgulas

para que tu pares e observes

que além dos versos,

há os manifestos confessos

grafitados nos beirais.

São entrelinhas bordadas

num desejo real.

Desenhos em tinta negra

que chuleando a grafia perfeita,

traduzem meu mel e meu sal.

Meus sinais confundem teus olhos.

Eles lêem alguma malícia

e, no entanto, são delícias

que sonho poder viver...

Desenho-os em beijos ardentes,

em carícias dolentes,

em trocas que sonho fazer.

Esses sóis tão calientes

tatuados, metaforicamente,

em minha pele, são vontades.

Todas elas. Aquelas ardentes.

E essas vertentes que calmamente

deslizam nos entremeios,

possuem o vermelho dos meus sais.

Fico a espera dos teus lábios na pele nua

traçando rotas, delineando focos.

E coloro meus lábios de rubro.

Abro meus braços num abraço

para acolher-te em meus seios.

E findo, sinalizando em verde,

aspas, vírgulas e pontos,

para poder te receber.

Dôra Leal