Musa - She [2013]

Boa parte de outra instância de vida

Passei falando pelos cotovelos,

Mas, quando mais precisei veio a mudez

Eu não soube o que dizer ao desvelo

E era tão, alheiamente, fascinante

A minha infante estupidez.

No entanto, no eito do meu carpe diem,

A ninguém dei o poder de, em nome do amor

Ou da discórdia, fazer-me triste pessoa muda;

Por um SIM ou por NÃO à dor

Ao desviar-se, do meu olhar, a bela musa.

Aprendi, aos trancos e barrancos,

Ao som do violão do silêncio,

O saborear das malaguetas dos desejos,

O amargo das negativas sinceras

E o “pasmo essencial” dos bons ensejos.

Estou ciente do “eterno enquanto dure”,

Nem que seja no instante da conclusão de um verso

E, logo em seguida, o calar da musa encabulada

A dizer-me nada, seja por timidez

Ou por não estar mesmo interessada.

Mas, nada disso me incomoda tanto assim

Não tanto quanto o fato, que nada seja verdade,

Quanto ao dizer NÃO, sem provar do próprio SIM,

Ou dizer SIM, na vontade do NÃO...

Não, não sou o “pobre rapaz” sem maldade!

Tudo é vão e válido, mediante a verdade,

Desde que venha da tua vontade,

Não implorar por amor, do não me apego à dor.

Portanto, linda musa, esteja tranquila,

Pois meus calos não mais me permitem

O tal “sofrer por amor” nesta vida.