a rosa mais feliz de todas as rosas

ela era uma rosa como todas as outras

num canteiro que ladeava um belo jardim.

desejava asas mas tinha espinhos,

acostumada a viver sem carinho,

sonhava acordada e dela as outras davam risada.

a joaninha dizia:

— não perca a esperança,

amiga minha,

o amor há de te encontrar,

seja paciente!

a sorte pode ser traiçoeira!

ela era uma rosa como todas as outras

não era raposa mas também sabia cativar,

mãos erradas poderiam do jardim arrancá-la.

solitária e quase sempre desacompanhada,

as outras rosas costumavam zombar dela.

— sempre sozinha, que insucesso!

cuidado porque o tempo passa,

a idade chega,

fica cada vez mais difícil encontrar alguém,

ainda mais alguém que preste.,

debochou a rosa pretensiosa.

antes solteira a ser refém da sorte traiçoeira,

repetiu baixinho a sensata rosa,

o amor é necessário e o entendimento também.

ela era uma rosa como todas as outras

até a tarde em que um belo e sensível clique

fez dela a mais bela de todas as rosas do jardim.

os olhos dele fulgiram nesse doce encontro

e, dessa forma, ela passou a viver para todo o sempre.

as outras rosas olhavam-na de cima a baixo,

tinham os cravos comendo em suas mãos

e desdenhavam da ideia de um dia a pobre rosa

conquistar um amor para a vida toda,

inconformadas estavam porque esse dia chegou.

— o que aquele beija-flor tão maravilhoso

viu naquela rosa tonta e sem graça?

ela é tão estranha, esquisita,

ela nem sequer é uma de nós!,

murmurou uma rosa pretensiosa.

o que ela tanto tem que eu não tenho?

ela costumava ser uma rosa como todas as outras,

vivendo um dia de cada vez, como tinha de ser;

distraída e à procura de novos defeitos a odiar,

o cravo a via de longe, a primeira flor da primavera,

tão linda, tão desprendida, tão doce e tão única.

— sou uma rosa igual a todas as outras,

o que você enxergou logo em mim?,

quis saber a apaixonada rosa.

— enxerguei em seus olhos o fim de uma busca,

a busca pelo amor que sempre sonhei,

que não era miragem nem delírio,

seu toque macio despertou sonhos antigos e esquecidos,

destroços de intermináveis tempestades pelo entorno

não intimidaram o desabrochar da primavera.

seu amor me trouxe de volta para casa.

não almejo possuí-la com violência,

tampouco tenho pretensões de aprisiona-la

em uma fria e impessoal redoma.

amo você desde o primeiro olhar,

de você pretendo sempre cuidar,

pode haver muitas rosas aqui nesse jardim,

mas você é a única para mim!

desde então,

ela não é mais uma rosa como todas as outras,

ela é a rosa mais feliz de todas as rosas.

- a rosa mais feliz de todas as rosas

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 26/04/2023
Reeditado em 26/04/2023
Código do texto: T7773007
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.