Tudo é novo!

Mas tudo se renova!

A palha, o rústico, a forma.

Tudo é de uma vez só.

Tudo pertence ao mesmo tempo

e espaço que sempre foi...

Nada está perdido.

 

E no lampejo do tempo não há perca do voo.

Há asas que se tocaram

e alcançaram a plenitude do voo,

o amor maduro, a certeza da mútua existência,

de existir um para o amar o outro

em território de luz e amor...

nosso território construído e vivido...

 

Quando acordamos de nossas cegueiras,

quando acordamos de nossas indecisões,

de nossos medos e angústias,

a vida se tornou essa música que nos envolve agora,

que nos carrega num caleidoscópio de belezas,

num lampejo de glorificar do amor.

 

Somos o açúcar que acalenta nosso espírito

com o chá do cuidado e amor.

Somos o sal que faz a diferença

e dá tempero à nossa vida sendo dois num só...

 

E mesmo que a vida seja

essa rifa infernal de horas,

que as coisas especiais se demorem,

fiquem lentas e sombreras,

mesmo que desejemos

ardentemente que tudo chegue rápido

e o vazio se encha de amor...

mesmo que o chão é bruto,

e que a pedra não tem ângulo,

que é pedra que fere, sem conteúdo,

sem plasma de saber, de conhecimento do amor...

 

somos nós os que detemos

o conhecimento profundo de nós mesmos,

somos nós os que detemos

a ciência do sentimento mais puro,

do viver mais lindo, do amar mais louco,

do desejo mais intenso...

 

E se já fomos anfitriões da dor,

se já deixamos a fruta cair ao chão sem acolher,

se já vimos o sol perder sua força,

a lua dormir sem alento e sem cor

e se deixamos a escuridão

e o medo reinarem soberanos...

quando tudo era nó e dor

e o sol se escondia até de si mesmo...

e deixamos partir nosso próprio coração...

na dor que vivemos dos que pra sempre nos deixaram...

no sofrimento das perdas sofridas...

 

Fomos também nós mesmos

que descobrimos que a vida

de nada vale sem uma flor,

sem um sol de amor...

 

que tudo fica vazio e sem borda,

sem toque de luz,

tudo fica envolto em falso viver,

é voz muda, é pedra

e cimento na parede do dia...

 

O mundo já deu todas as voltas amor.

E nos colocou sobre o mesmo tablado do tempo.

Parou na primeira página da vida,

num jardim de amor e acalanto,

onde nossas mãos de amor teceram a teia da vida,

dedilharam a melodia para o nosso amor

num casulo de esperança e felicidade envolver...

 

É o nosso reino canelado de amor,

é o nosso santuário do coração...

São as asas do pássaro canoro que és,

da águia de majestade e grandezas interiores

da garça de ouro e luz

que se abriram zelosas de amor e desejo

sobre as pétulas aperoladas de luz e amor da flor que sou...

Somos nós, juntos...

juntos glorificando a vida por toda eternidade,

juntos para todo o sempre amor!