A canção do Vento
Fito o horizonte
Num olhar que transpassa
O espaço e o tempo
O manto do silêncio
cobre todo horizonte
dentro e fora
do meu existir
apenas observo e ouço
o som de minhas feridas
latejando no compasso
de um coração cansado
banha-me uma lágrima
de teimoso desalento
e meus exaustos pés
recusam-se a mais um passo
minha mente muda
recusa-me as respostas
meu corpo quedado
busca o sono do esquecimento
minha alma quieta
assiste às batalhas passadas
em seu processo de compreensão
assim num último fulgor
vejo o sol se pondo
unissonante batida do coração
ao bater das asas da águia
minha alma deseja partir
no encerrar do dia
e o descer dos véus da noite...
mas diferente querer do destino
repentinamente chega o vento
fazendo meu cabelo louca dança
tão forte o pensamento
do teu extravagante coração
atravessando veloz
toda a acidentada geografia
acarinhando com tuas mãos
de lenitiva brisa
minha fronte meu olhar
e meus lábios roçando
num beijo quase molhado
calando o gotejar de minhas feridas
meu pulso acelera abruptamente
sei que é você reconheço o toque
e o som do vento toma forma
o tom forte de tua voz
que num carinho ímpar me diz:
“nunca perdestes a batalha
minha doce guerreira
és protegida e amparada
antes de tudo por tua sincera busca
pela verdade, mesmo quando
esta se mostra na face mais sombria
por tua coragem, mesmo quando exausta
sempre és amparada
assim o é com todo sincero buscador
se aprenderes a enfrentar a verdade
quando se te apresenta sombria
estarás então pronta para usufruíres
das belíssimas verdades
contidas em todos os espectros
presentes no arco-íris do universo.”
Você chegou à frente do teu corpo
Agora minhas mãos aguardam
tua tão amada face tocar...