Amar, amar, amar... PARTE I

("Ô Byron - que ourives desta terra de formigas e caipiras poderia transformar crânios humanos em taças?..." Álvares de Azevedo)

(Para o Álvares de Azevedo e seu namorado.)

Amar é mesmo estranho

você acorda um belo dia

após uma vasta sensação de ganho

a presença do amado exala nostalgia

ele está ali com você

você sabe muito bem que ele está

mas quando ele se despede, Oh Calcutá!

o que os olhos não sentem... o coração não vê...

oferecer-lhe-ia flores másculas, como o cravo,

dar-no-lo-iam... prazeres até o canto de um galo...

então, impassível como um Olavo,

seria o seu Bilac, indo embora a cavalo...

é muito estranha a cortina de fumaça

que encobre o ser amado, santo e pecador,

que quanto mais amor lhe dá, mais ameaça

uma despedida colossal, um byebye tão... indolor...

amar é um abraço dialético

um beijo com tese e antítese, pairando à beira...

para a febre, o antipirético...

mas para o calor, a lareira...

amar não pode ter um motivo

é razão irracional

requer um raciocínio compulsivo

que derreta no final

amar é tão fraterno

que se cansa de exigir troféu

amar é estar no inferno

sorrindo por estar no céu...