“Redecorando o encanto”

Eu olhava tuas fotos, sonhava em

Fazer parte dos teus contatos,

Contava cada etapa que me aproximava

De ser mais um encontro entre teus relatos

Não queria contrato, mas desejava um contraste

Entre a teoria dos outros e a amostra da minha arte.

Imaginava nós dois desbravando em uma legenda

Que levasse qualquer música romântica

Daquelas sobre levar café na cama

Sobre “aquilo que eu nunca entreguei”

Fotografada através do olhar de um qualquer

Amante da felicidade na simplicidade

Insistente, cativante, excitante, convincente.

Clareava, eu mal lavado a cara já olhava

O telefone esperando a mínima retribuição.

Tua resposta, tua proposta, status de separação.

Qualquer possível improvável, notificação.

Tentei comprar até teu pai com um nintendo

Tua mãe com um papo sereno e

O resto espalhado da família sendo

O que sóbrio entre um desvio e outro eu sou

Coisas que eu não entendo, saídas que invento

Baseado no teu talento de desvendar situações.

A mesma vida que me bateu forte

Depositando a explicação na sorte

Com partes de ti me presenteou.

Hoje te chamo de amor, de liz, de flor

Prometo que a gente ainda vai ser muito feliz

Tu completa dizendo que essa fase da vida

Em parcelas a gente já alcançou

Embora a depressão, a política,

Aos 45 do segundo o segundo gol e

Vai ficar tudo bem, como bem sempre ficou.

Foi tanta tinta nas paredes, tanta água que rolou

Do bom transando com o que nos arruinou

A primeira passagem dessa viagem

Há anos atrás, meu bem, foi tu quem pagou

Eu sem um centavo, desci do ônibus

Ainda embriagado, acendi um cigarro

Sem sequer olhar pra trás conferindo se me acenou.

Se me dissessem: “vai ter uma casa assim, vai ter uma sexta assim”

Duas vidas debatendo quem pode mais contribuir

Eu duvidaria, eu adoraria, me prepararia

Me perdoaria do passado, dos pecados

Pros mesmos não repetir, pra neles não te incluir.

Hoje eu te tenho todo dia, tuas manias

Me acostumei, não me policiei

Retalhos que em prantos costurei

Por vezes em que vacilei, também me viciei

Perante teus atributos, pré-requisitos, até os estragos

Tuas artimanhas dentro do quarto

Nós dois na mesa, botando os pratos

Lavando os pratos, é um absurdo

A estrada a dois é um mundo que cabe em um jk.

É preciso sempre fazer mais, nunca é demais

Pelo que um dia tudo eu faria.

Redesenhei, redefini, requisitei

Sempre perto, trás pra mim

Faz aqui a casa que junto a ti, ergui,

Sem paredes, lembra as tintas nas paredes?

Pendura a rede, os quadros, eu tenho sede,

Quero dividir o copo marcado de batom

É teu meu corpo e o que mais eu puder te oferecer

Sozinho não posso dar conta, rezei

Feito ateu inconvicto aprendi

Que deus é aquilo tudo em que eu confiar

Sem deixar motivos nem pontas soltas pra regredir.

Pablo Machado
Enviado por Pablo Machado em 23/08/2023
Reeditado em 24/08/2023
Código do texto: T7868440
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