Amar, amar, amar... PARTE II

Amar não fala - mas sente!

Não argumenta - mas descreve!

Não é retórico e frio. É poético e quente.

Em Plutão, faz calor. Em Mercúrio, cai neve.

Amar se limita com qualquer verbo de mestre.

Eis o verbo alegria; o verbo temor; o verbo solidão.

Amar é um contrapeso de tudo, faixa de pedestre,

a travessia de barco no oceano... em vão?

Quem ama treme.

Quem não ama tremelica.

O navio de quem ama não tem leme.

A fruta de quem não ama tem mais cica.

O amor é uma fortaleza de puro titânio

que protege quem está dentro do mundo de fora

e é impossível fugir. Preso com quem se adora

sem distinguir vôo e pé, sonhos e crânio.

Amar se efetiva

como o sonho de Adão:

quem perde a locomotiva

pode agarrar qualquer vagão...?

Cá no mundo onde se ama

dormimos todos até bem tarde...

Só levanta cedo da sagrada cama

quem é escravo, amo, burocrata ou covarde.

Amar é uma harpa redonda

no batismo do mausoléu...

Por mais que um pássaro se esconda...

- Anda, volta a voar, que o teu destino é o céu!