A Rosa e o Tratador

No jardim onde se sentia

a ausência do tratador;

onde a terra árida

consumia os restos

da seiva em solidão;

No jardim onde nada mais

era plantado,

onde tudo era esquecido...

Nem cercas haviam

que o protegessem.

No jardim onde fortes chuvas

açoitavam a terra

que a noite um lodo se tornava;

e que ao amanhecer um forte sol

de dia escaldava...

No jardim onde outros tratadores

mal cuidavam da semente

que teimou em germinar

a espera do esmero merecido.

A semente que sorveu da terra

a água enquanto a havia,

que suportou frios e calores,

alí, desprotegida, sustentada

por substâncias largadas

pelas mãos de alguns outros.

No jardim abandonado

onde pouco faltava

para secar a esquecida flor,

vem ao inicio da tarde quente

a brisa a beijá-la,

e uma leve chuva seu pó lavar...

e refrescar.

No jardim, onde agora

um sol de outono nasce

alaranjado, trás consigo

os dedos carinhosos

de um gentil tratador.

que embelezou a cerca abandonada;

arou o pedaçinho

de terra seca; regou, cuidou e mimou

com paciência e carinho...

fortificou a raiz fragilizada,

livrou-a de pragas e ervas daninhas.

Contou-lhe lendas,

sobre flores já colhidas.

Quando enfim, a rosa

refeita, alegre e viçosa,

exalava o seu aroma,

abriu-se em rubras pétalas,

linda e desejosa

foi colhida cuidadosamente...

por inteira, tomada com amor.

No jardim onde agora a terra

espera o inverno...foi-se a rosa,

bela e formosa, aquecer-se

no jardim do tratador.

Anna Müller

Anna Müller
Enviado por Anna Müller em 30/11/2005
Código do texto: T78782