Devolva-me

Devolva-me a vida,

sem que doa na veia

a morte pressentida.

Devolva-me cada grão de areia

largados...sem medida

do corpo que só...anseia.

Devolva-me a razão fria e dura

que gritava...que sentia

minh'alma dantes em tortura.

Devolva-me a serenidade do sono

que toda noite se repetia

a tirar a sensação dorida do abandono.

Devolva-me a sensação de alento

que como insana utopia

consumia minh'alma a todo momento.

Devolva-me a paz e o prazer

corrompidos pelo tormento

que nunca fizestes-me entender.

Devolva-me a alegria esperada

da palavra que ficou por dizer

e que só do silêncio foi arrancada.

Devolva-me a doce e terna lembrança

da inocência em mim guardada

de contigo sentir-me criança.

Devolva-me a essência do olhar

que um dia deu-me a esperança

de poder tua boca beijar.

Devolva-me cada instante sonhado

de numa cabana poder esperar

o momento dentro de mim guardado.

Devolva-me todo o meu cansaço

de acreditar que era real

tua alma e a minha no mesmo compaço.

Devolva-me a realidade

e deixa-me jogar no espaço

os prantos da minha saudade.

Anna Müller

Anna Müller
Enviado por Anna Müller em 30/11/2005
Código do texto: T78788