Dulcíssimas Sonatas de Outono

 

E o tempo de colheita chegou.

Os camponeses festejam

com cantos e danças.

 

Voa as asas da violinista além do chão,

além do outono que deixa cair as folhas secas

num céu em movimentos ébrios, lentos e rápidos,

às vezes, em fuga entre nuvens de gaze.

 

Canto o canto entre vinhos e amoras,

bebo a esperança de sentar ao teu lado

nesse concerto de vários mundos num só.

 

Cheguei folha seca caída ao chão,

num verão de Natal, dia de festejos

e jardins de montanhas e flores.

 

Dobrei em sonatas

como se dobram

ao vento

os trigais.

 

E do verão segue

o outono em flor -

nossa marca de amor.

 

Hoje sei, que sonatas de jardim

tocaram tua alma como absinto.

Botejaram a esperança

sobre as águas e marés,

entre areias e ondas,

barcos e cais que se encontraram

no solado das estrelas em olor,

no perfumado de um jardim em flor.

 

E o amor nasceu brando e cálido

como nascem as estrelas candentes.

Por isso, hoje, é dia de celebrar,

sem tiros de caça, sem medo ou temor,

sem mortes de um coração,

sem feras feridas caindo ao chão...

 

É dia de celebrar o amor,

de nossa dança, da colheita do belo,

do prazer de estar junto,

do licor aceso a embriagar a alma

de dulcíssimas sonatas, de ternuras e amor. 

 

 

Inspirada no Adagio Molto e Alegro de L'Autunno op.8 no.3 de Vivaldi.