Teatro de dentro e de fora
Das mãos mais lindas que já vi
E o fogo
E o fogo
De recomeçar e começar
Na terra estranha
Na vida outra
Uma menina,
uma mulher
De novo
Não se lembrar
Rosto do pai
A mágoa escorre
E mata e morre
E esquecer
e esquecer
De novo
A pele vibra
Quero vestir te
Prometo te querer
bem devagar
E amar e amar
a paz de poder parar
O tempo algoz
evaporar
De novo
Como quem dorme e sonha
Evaporar
Choro e lençóis
O tempo algoz
O perto é longe
E o fogo
Prometo aplaudir
Qualquer palavra sua
O teatro e as estrelas
A cena e o recorte
A criança que me ri
A musa, o amor, a sorte
Do ir embora cedo
É melhor sem avisar
Pra não sofrer de partida
Queria mesmo olhar
Cortinas vermelhas oscilam
Nos teus lábios bem oníricos
Pela tela da tevê
Na minha mente cabeça
Os brilhos e paetês
O que quero acontecer
Melhor enquanto dá tempo
Queria extinguir
O fogo
O fogo
A parte que te quer
Mas se eu mandar embora
esqueço também de mim
O menino que aprende a fingir
Aprende também a pensar
Aprende também a brincar
Fabricar as luzes de dentro
Assustar monstros a fora
Um jogo, um jogo
Que dói é confundir
Não saber o que é cena
Correr do arco do olhar
A mudança do ato
O vidro, o corte, a lâmina
Mas que também é espelho
Menina, a dor e a chama
O fogo, o fogo
O coração é vermelho
Se fosse tu transparente
Veria dentro do peito
Um colar feito de traumas
Um ninho coração cuidado
Com contas, fios e calmas
A imagem da sua mãe
O sagrado feminino
A imitação da vida
E o fogo
E o fogo