De cada década
“De cada década”
Até os dez descobri o outro lado
Brincando e desconhecendo
Chegando na vintena, paixão dizem(?!) freada
Amadureço a força, banana no vapor
Aos trinta estamos juntos, colados, suculentos
Tão iguais e cúmplices, condenados
Esplêndido aos quarenta, amo-lhe sem dó
Nem durmo, pois a vida é curta para curtir
Em meio século quero estar sereno
De mãos dadas, escrevendo-lhe do futuro
Sessenta chega e sentado vejo os frutos
Brilhando ao redor de nossa chama eterna
Talvez aos setenta o diamante não minta
Lapidados pelo tempo nos amamos calmamente
Oitenta, limite de muitos passará incólume
Novos planos, corpo e alma lavados
No chá das cinco, posso me queimar aos noventa
Mas ainda assim lhe tocarei de leve, egipciamente
Se por um acaso aos cem alçar, poderia até morrer
De mastro fincado, ainda sem haver explorado, todas as suas terras férteis!
JB Alencastro