Fraca

Estou machucando à mim mesma

pensando em você

e no que poderíamos ter.

Ou poderemos ter.

Algum dia.

Não sei como conjugar este verbo

e isso me angustia,

a incerteza me provoca agonia.

Sinto como se o amor não fosse

para mim,

como se apenas cactos conseguissem

florescer no meu jardim.

Eu gosto dos espinhos,

mas todos os meus dedos já estão

machucados e não conseguem

tocar mais nada.

As feridas se espalharam pelos meus

braços, ombros e músculos

e chegou até meu coração.

Ele já me suplica para que nem

tente novamente,

que tire de uma vez

o amor da minha mente.

Eu resisto e sigo em frente,

Mas tudo o que vejo

é uma enchente

de ciclos tristes, repetidos e crueis.

Sou cruel comigo mesma

e continuo,

porque gosto da melancolia

que é o amor,

gosto da dor

Mas quando ele

perde seu doce sabor

e tudo o que sinto

é um terrível amargor,

eu dou ouvidos ao coração

e o afasto sem pudor.

Acho que a paz nunca

me envolverá,

então talvez eu desista

e te perca de vista.

Acho que não tomei tanto espaço

da tua vida,

então você não vai sofrer com a despedida.

Eu vou, mas não tem problema.

Eu não quero ir,

mas devo.

Devo à mim mesma

um amor que me queira de volta,

à minha maneira

e que eu já sinta de primeira

que a conexão foi certeira,

e não uma quase paixão passageira.

Se já senti isso uma vez,

me escapou do coração.

Mas já é Dezembro,

vem à tona a solidão.

Eu quero algo real,

que seja natural e venha até mim,

sem que eu tenha que me rasgar

para alguém de fato conseguir

me amar.