Carrego um passado dentro do peito

 

Carrego um passado

dentro do peito.

As memórias dos sentidos

que ainda não consigo descrever,

nem mesmo rabiscar

nos pergaminhos da vida.

 

Mas que deixaram

relatos de um mundo

que agora é nosso.

 

Sempre é tempo

de clamar perdão.

Dos que mais tempo viveram,

dos que agora nasceram

e que nos ouvem dizer

que agora é hora

de contar o tempo,

trinar ao sol por sua bravura.

 

e que venha sua luz

a bafejar o calor

de um abraço

e de um beijo de luz

na face de inverno -

pálido e brumoso -

que, de vez em quando,

ainda me esconde

deste lado da janela

do tempo profundo. 

 

Ilustração: P.J. Lynch